quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Lágrima Insistente

A lágrima insistia em descer...
A garganta embotada e embargada denunciava o momento.
Nada parecia estar no lugar e
Sentidos e sensações se misturavam.

Um ínfimo e delicado sentimento se moldava
Num quadro cheio de matizes e cores.
Ora intenso, ora lúgrube.
Nem forte, nem ímpio.

Todas as mordaças estavam sendo apontadas
Todas as máscaras se colocavam a disposição
Todas as estradas se abriam
Todos os caminhos estavam disponíveis

Mas a insistente lágrima permanecia
Não respeitava a razão
Não esperava nem tolerava,
Forçava passagem pelo inóspito e sombrio do ser que pulsava!

Não poderia ser diferente.
O que não podia ser suspenso
Teria que fluir tal qual rio, denso e obscuro.
E assim, a inspiração deixou-a sair.

Brotou em forma de liz
em raiz de ébano
em ramos de ilusão e fantasia.
Se fez presente e ali permaneceu.

Deixou-se ficar em paz
Num cansaço feliz e cálido.
E assim, o embargo desapareceu e ficou apenas
Eu.


Jundiai, 10 de julho de 2010.

Guilherme Dias

3 comentários:

  1. Poxa.... nem sei o que comentar... ao terminar de ler só pensei em: poxa!

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  2. "Brotou em forma de liz
    em raiz de ébano
    em ramos de ilusão e fantasia.
    Se fez presente e ali permaneceu.

    Deixou-se ficar em paz
    Num cansaço feliz e cálido.
    E assim, o embargo desapareceu e ficou apenas
    Eu."

    Apenas transparência é isso que este ultimo 'trecho' me remete a clareza do saber exatamente quem se é.
    Amei rs...como sempre rs...

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  3. Muito linda! Amei...rs...
    E como é árduo o caminho a ser percorrido para se descobrir...Conhecer o seu verdadeiro eu...

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