Cai a tarde.
Os olhos semicerrados revelam o peso
Que preenche duramente a linha do tempo.
Pálpebras pesadas então,
O corpo deixa-se adormecer languidamente.
Um último suspiro faz o anúncio.
O que parecia ser algo duradouro
Acaba-se como num átmo.
Num sobressalto de rigidez, a luz volta intensa às retinas cansadas.
E assim, corpo e pensamento
Permanecem singrando entre
O dia e a noite interior.
Mas, o que é rígido, é rígido.
E corpo, e pensamento enganam
A linha do tempo. Até quando?
E margeiam a vida e a labuta
Que incessantemente os provoca
Tal qual a morte faz à vida.
Um som surdo alerta:
O coração bate até o último suspiro
E ardor das manhãs anunciadas pelo inimigo vil: o tempo.
Guilherme Dias
13/10/2007.