sábado, 26 de fevereiro de 2011

Ária sombria

São oito horas da noite
Meu corpo clama por uma pausa
Mas minha mente reluta.
Insiste em manter-se excitada.

Há uma angústia não anunciada
Que persiste sem se revelar.
Trafega silenciosa em meu interior
E deixa demarcada sua trajetória.

A luz do quarto ao lado estala.
Queimada a lâmpada, joga na penunbra parte de mim.
Apoio incondicional ao novo estado de ânimo.
Bradada a queixa, resta ao corpo a substituição da ordem.

Súbito, um riso largo e debochado corta o silêncio.
Verga-se no cansaço uma lúgubre esperança.
Cínico, o ventríloco esboça uma explicação:
_ É a idade!?

Guilherme Dias
20/12/2009 - 20h50m

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Visão de um transeunte


No meio da multidão que passa sem se dar conta de sua rispidez e aspereza uns pelos outros, pude perceber alguém que não queria realmente ser percebida. No meio daqueles rostos e corpos, uma figura de mulher, próximo de cinqüenta anos, vestida de maneira simples mas bem colocada transita entre aquela massa.

Ia de cabeça baixa, circunspeta, mirando o chão de forma firme procurando não se perder em seus passos. Acompanhei-a por um longo tempo, singrando entre as pessoas que pareciam nem vê-la, quiçá importar-se com sua presença. Uns buscando o total anonimato, outros bradando suas vozes tão alto que parece carecer de que olhem em seus rostos e que os cuidem.

Perdi a senhora de vista. Mas logo encontrei outro personagem digno de nota. Em um bar daqueles pouco iluminados, de caráter meio duvidoso, pude destacar um homem, barba por fazer, cabelo meio desarranjado, dorso tenso e arqueado. Tinha um olhar tão distante que muito provavelmente nem mesmo ele saberia dizê-lo onde estaria naquele momento.

À sua frente, uma latinha de refrigerante já aberta. Próximo um copo meio cheio, a borda muito com certeza estava embaçada, efeito daqueles copos que são lavados naquela esponja especial para se lavar copos mais rápido, que existem nestes tipos de bares. Mas ele não parecia dar-se conta deste detalhe, continuava longe, alheio àquela multidão que transitava num ritmo alucinado e ansioso.

Sua dispersão foi interrompida por um corpo masculino alto, com várias sacolas, supostamente com presentes, que entrara abruptamente e sofregamente no mesmo bar. Dirigiu-se ao balcão e solicitou algo ao homem do outro lado. Não ousara deixar as bolsas e sacolas no chão ou na banqueta ao seu lado temendo não tê-las mais ao lado quando baixasse seus olhos. Medo e angústia de perder todas aquelas intenções que surgira nesta época.

Mas que chamava a atenção eram todas aquelas pessoas. Uma a uma, observava algo que insistia em seus olhares e atitudes, sem muito que explicar, apenas aquela sofreguidão, aquela mesma angústia do homem do bar colocado no balcão, o mesmo medo, a mesma intenção que se desperta, parece apenas nesta época do ano.

Não, não se trata de hipocrisia, apenas de uma possível fuga de si mesmo, uma tênue explicação para sua falta de tempo o ano todo, de não conseguir dizer o que sentia por aquelas mesmas pessoas que se lembrara. Faltara-lhe tempo para ser ele mesmo, para expressar sua vida em palavras e ações; em emoções que não precisam ser explicadas.

Assim seguia aquelas pessoas, sem se darem conta que estavam sendo filmadas pelas minhas retinas.

Agora era eu que me surpreendia pensando nisto tudo, e seqüência, fui tragado pela chegada daqueles que me acompanhavam, com a mesma intenção. Guardo tudo comigo, todos os meus pacotes de indagações, embrulhos de filosofia, sacolas de idéias e me junto a eles. Afinal, é natal.


Guilherme Dias
20/12/2009 - 22h35m

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A vida é uma brincadeira.

Pois é! A vida e uma brincadeira.
Cantiga de roda, bambolê, pega-pega, ajuda-ajuda, bilboquê, peão, pipa entre outras brincadeiras representam a vida tal qual ela se mostra: uma eterna brincadeira.

Quem dita as regras? Quem leva a bola se não for o escolhido? Isto deixo por conta da imaginação de cada um. Mas que se olharmos bem no fundo da proposta, a vida é e será sempre uma brincadeira.

Cantiga de roda, onde no fim o que queremos de fato não é o aperto de mão do passa anel e sim o selinho não comprometedor de nossas infâncias perdidas.

E como num bambolê giramos nossos quadris em busca do melhor ângulo para atingirmos o tal do ponto "G" se é que existe. Pois para mim ele é como o "buraco negro", o "big-bang", "Deus", só o saberemos se crê-los.

Quem não pegou-pegou na vida alguém ou alguma coisa. Somos via de regra irrequietos, insensatos, sofremos de hiperatividade, apenas quando os anos foram nos atropelando foi que perdemos nossa capacidade de sair em disparada, sem rumo, apenas driblando de forma moleca nosso adversário, isto sem antes falseá-lo com umas caretas e provocações.

Quem nunca ajudou ninguém, nem que fosse para tirar vantagem de alguma forma. Como Ele é perverso; nos mostra a vida brincando conosco.

Até hoje ainda tento acertar o jeito de encerrar aquela bolinha e seu buraco no pino e não sejam maliciosos, falo mesmo do bilboquê. Limpem as mentes, estou falando de brincadeiras, se bem que aquilo também é ludico.

Peão, quem já jogou peão? Até hoje ainda me pergunto quem deu aquela arma a uma criança para brincar? Acho que tudo começou com Golias; só pode, de lá para cá as coisas se transformaram e deu no peão. Pura conjectura.

Quem já não viu uma pipa no ar, com a linha em riste, solta no vento, dominada por toques suaves e as vezes viris. Todo o domínio da pipa na briga com o vento. (Não sei porque acho que vocês estão de novo maliciando), estou falando da pipa, papagaio, quadrado, arraia, seja o nome regional que a conheçam.

E é assim. Nascemos e Ele já tem com o que brincar. De maneira sibilina, somos os marionetes num grande palco, onde quando há a vontade, somos manipulados e nos tornamos personagens de um grande script que são nossas vidas.

Feliz dia das crianças para vocês!

Guilherme Dias
19/02/2011 - 00h02m

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Lágrima Insistente

A lágrima insistia em descer...
A garganta embotada e embargada denunciava o momento.
Nada parecia estar no lugar e
Sentidos e sensações se misturavam.

Um ínfimo e delicado sentimento se moldava
Num quadro cheio de matizes e cores.
Ora intenso, ora lúgrube.
Nem forte, nem ímpio.

Todas as mordaças estavam sendo apontadas
Todas as máscaras se colocavam a disposição
Todas as estradas se abriam
Todos os caminhos estavam disponíveis

Mas a insistente lágrima permanecia
Não respeitava a razão
Não esperava nem tolerava,
Forçava passagem pelo inóspito e sombrio do ser que pulsava!

Não poderia ser diferente.
O que não podia ser suspenso
Teria que fluir tal qual rio, denso e obscuro.
E assim, a inspiração deixou-a sair.

Brotou em forma de liz
em raiz de ébano
em ramos de ilusão e fantasia.
Se fez presente e ali permaneceu.

Deixou-se ficar em paz
Num cansaço feliz e cálido.
E assim, o embargo desapareceu e ficou apenas
Eu.


Jundiai, 10 de julho de 2010.

Guilherme Dias

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Eremita


Joguei a toalha. Nesta luta parece que perdi. Há uma sofreguidão persecutória em torno de minha existência. Aquilo que parece estar em harmonia, trafega em uma avenida cheia de idéias interminadas, de sonhos não realizados e projetos deixados pela metade.

No meio de uma multidão de pensamentos, os meus se misturam, se dispersam, tornan-se tênues e sem expressão. Assim é minha atitude eremita. No meio do tudo, o nada.

Os olhos deste eremita mira tudo aquilo que deseja, almeja. Mas ao redor dele, nada permanece. Se distancia na medida que se aproxima; se afasta, no momento que deseja o toque. Assim é este eremita. Solitário, sim solitário, não em solidão.

A solidão é um estado de ser, sentir-se só no meio de todos, condição que não ostenta este eremita. Prefere ser solitário, conviver com seu estado de ser, sua forma de permanecer no mundo.

A marca que rege sua trajetória é a visita ao seu interior. Sempre disposto a ver aquilo que ninguem consegue e nem conseguiria ver. Todos os caminhos que ninguem conseguiria passar, todas as imagens que cegariam os mais crédulos e os incrédulos também.

Ali, detido em sua imaginação, contém o sopro de sua vida. Quieto, silencioso em sua estadia diária, envolvido nos arcanos formadores de sua mensagem, verte-se num arcabouço de pura inspiração; deleite próprio de alguém que não tem ninguém, não está presente em nenhum lugar em especial. É aparentemente livre, só aparentemente.

Assim é a vida do eremita. Seu lugar de moradia é em qualquer lugar, mas o mais preferido dele é aquele que ninguém tem acesso: seu interior. Sua casa mais bem protegida, ensaio de um bunker militar.

Não há lugar onde o eremita possa permanecer, porém pode ser aqui, lá ou em qualquer lugar onde não haja ninguém, não haja imagens de ninguém, não haja pensamentos de ninguém, não haja vestígios de intenções, não haja idéias pré-concebidas, não haja outro eremita com os mesmos problemas.

Eremita que sou, permaneço sem estar ai ou aqui. Apenas naquele lugar em que voces não podem ir, nem se desejarem. Meu espaço de confinamento só a mim pertence. Eremita que sou, permaneço dentro de meu próprio eu, recoberto de reminiscências que despertarei em doses pequenas  enquanto sorvo a liberdade de ser o que sou: eremita.

29/12/2009 – 22h36m

Guilherme Dias

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Diálogos

Abre-se a cortina! Palco e personagens se misturam.

Cena aberta, os olhos procuram todos os detalhes, todas as minúcias

Quando expressar o que vem à mente? Quando soltar o suspiro derradeiro fruto da cena marcada pelo impacto? Quando verter em lágrimas estimulado pelo fulgor e furor da emoção devastadora?

Quando deixar o vício de achar que já conhecemos a próxima fala? Quando não deixar o controle de lado e apenas ver?

No palco a peça desdita sem se importar com seu olhar, continua seu desenredo, alheia às suas indagações. É sempre assim, invisíveis que somos em relação ao roteiro que insiste em ter-nos como coadjuvantes.

O desenrolar do texto marcado tal como deveria de ser no caso em questão permanece como deveria de ser. Cada ator e atriz com sua fala, audível e bem pronunciada emanam sua expressão em nossa direção. E nosso olhar continua preso ao quadro formado pelas matizes desconexas ainda para nós. Assim é como a vida, até o cair do pano, é impossível compreender a idéia do autor.

E nisto um diálogo surdo aponta em nossa mente. Como somos curiosos; não podemos deixar simplesmente o drama acabar? Ou será uma comédia? Que importa? Deveríamos apenas assistir disciplinadamente o desfecho, mas não, somos como o ser da caverna do mito de Platão.

Mas toda a peça tem um inicio, um meio e um fim e antes mesmo que o diálogo tomasse proporções nabadescas, a cortina caiu. Ato contínuo, aparece no palco os atores e atrizes curvando-se em agradecimento à ovação e eu quase autômato, levanto-me como todos e mesmo sem saber bem o porque, bato palma freneticamente. Cai o pano!

Guilherme Dias
12 de fevereiro de 2011.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Olhares

Sempre que olho em seus olhos
Vejo uma enorme vontade de ser feliz.

Sempre que o ouço, por traz de suas palavras,
Ouço o som da vida.

Sempre que sinto seu toque
Aprecio o aveludado da mão do criador.

Como você é maravilhoso e belo
Pena que ainda duvides.

Há uma estrada maravilhosa a sua frente.
Resta-lhe iniciar sua jornada e chegar ao final dela: ao Pai.

Eymael (11/02/2011)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Reminiscências


 Andei, a passos largos, porque tinha pressa. De que ainda não lembro. Lembranças deixam marcas indeléveis em nossas vidas, e pouco gosto de tê-las. Esqueci de como se faz isto. Mas, enfim, andei, dito já, a passos largos, porque tinha pressa. De que ainda não me lembro. Não insistam.

Só sei que por onde passei, a passos largos, diga-se de passagem. Vi muito, vivi muito, experimentei muito, sorvi muito, troquei muito. Tão intensa e vividamente quanto podia ser isto em uma pessoa.

Ali naqueles meus cinco anos, em lugar pouco enveredado, jardineiras passando – adorava ver as jardineiras – caminhava ao lado de meus irmãos, não tão mais velhos em direção do sítio que meu pai cuidava, e como cuidava. Dava o sangue por aquele lugar que nem era seu, foi assim que aprendi a cuidar do que nunca foi meu, vendo aquele homem com mãos firmes e fortes, calejadas cuidar do que não era seu. Mas com tanto afinco de que como fosse. É assim que se aprende as coisas, vendo, vivendo, vivenciando a história de outros.

Enfim, a passos largos, seguia com meus irmãos em direção aquele sítio que meu pai cuidava como se fosse seu. Já era meio tarde, talvez fosse inverno, porque a medida que andavámos a passsos largos, rapidamente escurecia naquela estrada por onde passavam as jardineiras.

Vale dizer e não posso afirmar isto, pois já dito acima, tinha cinco anos apenas, muitas eram as histórias de colocar medo nos meninos do interior e eu era um menino do interior naquela época, e isto era assustador para qualquer menino do interior como eu. E não sei porque e é sempre nestas horas que nossa memória começa a nos pregar peças comecei a lembrar destas histórias.

A passos largos, ainda mais largos ainda, pois acredito que meus irmãos também começaram a lembrar das mesmas histórias, iamos em direção ao sitio que meu pai cuidava como se fosse dele. Não se pode imaginar como a imaginação de uma criança é infinitamente perniciosa nestes momentos. Na penunbra que brota com o cair da tarde, galhos se tornam chifres (até hoje, não sei de que exatamente), pedras se tornam animais se arrastando, pedaços de árvores caídos se tornam animais saindo das matas a volta da estrada e assim por diante.

Acho que a imaginação dos mais adultos também acompanham a das crianças, pois o que era a passos largos nossa caminhada, já parecia mais uma pequena marcha atlética sem nenhuma regra. Pequeno que era, me sentia quase que arrastado por eles. Ah, como a imaginação é perversa!

Para completar nosso crescente pavor vespertino, pouco antes de chegar a entrada do sitio que meu pai cuidava como se fosse dele, havia uma curva acentuada. A tarde já se confundia com a noite nesta altura de nossa caminhada a passos acelerados. De repente, um sobressalto tomou conta de um de meus irmãos. Estaqueou como um daqueles caibros de peroba fincados no chão a força de bate-estaca mecânica. Juntos, paramos eu e meu outro irmão.

Não precisa dizer que neste momento, já não sentia minhas pernas, minhas mãos e meu coração, e naquela época nem sabia que ele existia e pra que, já nem batia mais, tocava uma bateria de escola de samba inteira. A boca, parecia estar sem receber um só gole de água a semanas. Por que ele parara tão bruscamente? Nem imaginava, mas nem perguntei, o pavor era tanto que achava sinceramente que se abrisse a boca, algo, sei lá, algo, iria acontecer. Que imaginação!

Tudo isto deve ter durado uns trinta segundos. Para mim, foi algo próximo de duas horas esta freada brusca, tamanha era a minha ansiedade, minha expectativa, meu tormento naquele momento. Passada esta  angústia ele finalmente perguntou se nós viamos o que tinha a nossa frente.

Eu não via nada, não queria ver nada, eles que eram mais velhos que vissem, fosse lá o que fosse para ser visto. Por isto temos irmãos mais velhos para verem estas “coisas”. Mas ele insistia na pergunta, a qual foi respondida pelo outro com um sei lá, ver o que, o que tem? Hoje olhando para tráz avalio o quanto nós somos traídos por nossa vontade de ver o que queremos ver nos momentos mais terríveis de nossas vidas.

Assim foi naquele dia, naquela hora. Nestes poucos segundos, e nisto a natureza é perspicaz e arguta como só ela consegue ser, escureceu totalmente. Imaginem, a quarenta e três anos atráz, numa cidadezinha do interior, indo a um sitio que meu pai cuidava como se fosse dele, numa estrada de terra, cercada por mata dos dois lados, onde passavam as jardineiras. Não deu para imaginar?! Pois é não dava para imaginar. Mas nós conseguimos imaginar.

Meu irmão ameaçou voltar, o outro mais novo um pouco, mas nem tanto, ficou em duvida e eu. Eu?! Que tinha eu, só tinha cinco anos, o que eles fizessem, eu aceitaria, é para que isto que temos irmãos mais velhos, certo? Não via nada, só não sentia minhas pernas, minhas mãos e meu coração já nem batia, acho eu, fora a minha boca que parecia ter a pura sensação de ter sido acometida de uns três meses de dose máxima de carbamazepina, tal a secura que ela demonstrava.

Nisto, sentido contrário a nossa trajetória veio um carro, faróis acesos, iluminou por um breve instante o que estava a nossa frente. Nisto meu irmão começou a rir, mas com tanta intensidade que pensei que ele estava tendo um ataque de qualquer coisa. E entre suas gargalhadas dizia algo que nos era totalmente ininteligível. Mas como o riso contagia, e a adrenalina da ansiedade e do pavor é a mesma do destempero da felicidade e alegria, em poucos segundos, estavámos os três rindo despudoradamente.

Após pararmos, ele se vira e diz para seguirmos em frente, era apenas um tronco na curva que dava a entrada da porta do sitio que meu pai cuidava como se fosse dele e não um boi como ele achara desde o começo. Boi? Que boi? Não era um monstro que nos paralisara? Um boi? Ora, isto era inadimissível para mim que tinha cinco anos. Como alguém poderia ter medo de um boi parado na estrada de uma cidadezinha do interior, numa estrada de terra, onde passavam jardineiras, cercada de mata dos dois lados e escura como breu.

Só nós, nossa imaginação e esta situação para gerar tanto pavor. Mas é sempre assim, em situações de nossa vida, qualquer tronco de árvore colocada em uma curva, num dia escuro e tenebroso, em uma cidadezinha do interior, numa estrada cercada de mata dos dois lados pode se tornar um enorme animal que invade nosso imaginário e nos força sermos crianças de novo.

Afinal são apenas reminiscências.

29/12/2009 – 23h21m

Guilherme Dias

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Reminiscências - prólogo

Vista cansada, passo torpe, boca seca, certeza do tempo avassalador tomando conta do preâmbulo do fim.
Não se trata de morbidez ou mesmo de traço de queda e devaneio depressivo e sim de constatação.
Assim é nosso aliado, o tempo, que nos coloca sempre de frente com o inevitável.

Quando menos esperamos, lá está ele parado, dinâmico diante de nosso desespero. Implacável e dilacerante, retira toda a possibilidade de defesa. Não há ação que o impeça de fazer sua missão em nossas parcas passagens pela orbe terrestre.

Se formos ler de forma estrita suas marcas e seus símbolos o que veremos será a nós mesmos em cada atmo de sua nudez absoluta e se pudéssemos dizê-lo, estáticos diante de sua sagaz e quimérica atuação.

Assim será a trajetória deste espaço de auto descrição. Sem subjugar o verbo, tecerei algumas das inúmeras reminiscências de minha trajetória e isto se conseguir, se dará entre poesias, prosas e algumas digressões mais elaboradas de meu entendimento (se posso permitir dizer isto?) do arcabouço e do envoltório da psiquê humana.

Guilherme Dias
09 de fevereiro de 2011