Abre-se a cortina! Palco e personagens se misturam.
Cena aberta, os olhos procuram todos os detalhes, todas as minúcias
Quando expressar o que vem à mente? Quando soltar o suspiro derradeiro fruto da cena marcada pelo impacto? Quando verter em lágrimas estimulado pelo fulgor e furor da emoção devastadora?
Quando deixar o vício de achar que já conhecemos a próxima fala? Quando não deixar o controle de lado e apenas ver?
No palco a peça desdita sem se importar com seu olhar, continua seu desenredo, alheia às suas indagações. É sempre assim, invisíveis que somos em relação ao roteiro que insiste em ter-nos como coadjuvantes.
O desenrolar do texto marcado tal como deveria de ser no caso em questão permanece como deveria de ser. Cada ator e atriz com sua fala, audível e bem pronunciada emanam sua expressão em nossa direção. E nosso olhar continua preso ao quadro formado pelas matizes desconexas ainda para nós. Assim é como a vida, até o cair do pano, é impossível compreender a idéia do autor.
E nisto um diálogo surdo aponta em nossa mente. Como somos curiosos; não podemos deixar simplesmente o drama acabar? Ou será uma comédia? Que importa? Deveríamos apenas assistir disciplinadamente o desfecho, mas não, somos como o ser da caverna do mito de Platão.
Mas toda a peça tem um inicio, um meio e um fim e antes mesmo que o diálogo tomasse proporções nabadescas, a cortina caiu. Ato contínuo, aparece no palco os atores e atrizes curvando-se em agradecimento à ovação e eu quase autômato, levanto-me como todos e mesmo sem saber bem o porque, bato palma freneticamente. Cai o pano!
Guilherme Dias
12 de fevereiro de 2011.
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