sábado, 9 de abril de 2011

Breves recordações de um sol perdido

Vinde fosco raio de luz
Invade com sua fluorescência
A ignóbil e extravagante
Teia de pensamentos
Incrustados nesse cérebro.
Irradia seu calor luminoso
Por entre as entranhas
Dessa estonteante mente.
Transforme a reserva
De ar espalhado nesse salão
Em uma densa neblina
Que invade todo o universo.
Infiltre-se nesse emaranhado
De destroços e planos inacabados
E torne a movimentar essa
Máquina pensante.
Destrua os profetas
Supérfluos e banais
E reconstrua essa
Mirabolante imaginação.
Erre e acerte
Até alcançar a perfeição
Buscando o infinito
Inconsciente.
Ignore os pequenos fatos
Mas não os esqueça,
Arquive-os no porão
Desse calabouço pensante e doentio.
Estabilize e equilibre
Os atos,
Grandes e pequenos
Não os deixando escapar
Ao fatal controle.
Esquematize os ataques,
Planeje,
Elabore,
Porque a guerra é árdua.
Junte os mortos num recipiente,
Jogue o restante em cadeiras de rodas,
Em muletas
E queime os destroços.
Recolha as riquezas,
Guarde-as em cofre forte
E afunde-as no mais fundo dos buracos.
Estremeça as estruturas ósseas
Dos grandes monstros sagrados
E os evacuem pelos esgotos da vida.
Transpire pelos seus poros
As almas impuras dos
Mundos abissais.
Obscureça as normas
Dessa música mal regenciada
Por um péssimo maestro:
O mundo.
Desvaneça sobre a terra,
Deslumbre sob o céu;
Morra incansavelmente
Nesse inexorável solo fértil.
És corpo imenso
Que vagueia
Pelos cantos insertos
Do universo.
Somos de ti
Peregrinos
E aprendizes
Pela tua glória e ascensão.
Nós nos reduziríamos
A pó
Por necessidade,
Pela tua plenitude astral.
Tu és começo, meio
E fim
Do centro de tudo,
De todos,
Do uno.
És onipotente
Onipresente
E único
A ser uno com várias formas.
És um fato
E em conseqüência disto
És sua própria conseqüência.

Tudo isso se resume como
Uma carta
De um provável futuro “Caminha”
A um provável futuro “D. João”
Anunciando a descoberto
De uma terra desconhecida
Num universo desconhecido
Com pessoas desconhecidas e diferentes
Que se desconhecem entre si;
Com pensamentos também desconhecidos
E contrastantes entre si,
Em uma ligação frequencial
De forma, espaço e tempo;
Com formas diferentes e inalditas,
Bizarras em sua personificação,
Centralizada por uma planificação
Desconexa e amorfa.

Será anunciado como Ramseés, faraó.
Será anunciado como David, pregador.
Será anunciado como Papa, pontífice.
Será anunciado como Judas, traidor.
Finalmente será anunciado
Por cornetas,
Por astros,
Por intenções e palavras, é só seu espírito
Virá pairar sobre o novo mundo
Como o início de um novo e
Infinito fim.

E a teia de pensamentos
Voltará a se refugiar
Nesse cérebro até
O dia em que as sombras
Invadam e tudo se separe
E a fluorescência desse fosco raio de luz
Se evada na imensidão universal...

“Apagaram a luz no horizonte”

Eu não subi o morro
Porque não o vi.
Não pude avistar nada de lá de cima,
Pois nem na sua base cheguei.
É difícil desejar e não conseguir.
Não senti o vento no rosto;
Apenas o do vale de onde não saí.
Conheço as armas e sinto que as uso.
Conheço o campo de batalha e no
Entanto parece que desaprendi a guerrear.
Meu elmo, escudo e armadura desapareceram...
...E eu permaneço aqui no vale perguntando:
Por quê?
Por que?
              (Guilherme, 22/06/1989)

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