quarta-feira, 20 de abril de 2011

Menina

Ah! Menina.
Tu tens a pétala da esperança presa em seus ramos superiores;
O perfume da vida a invadir-te o ser na plenitude do agora.

Menina,
Teus olhos neste momento são os meus olhos a refletirem os raios dos sentimentos.
Uma onda deles.

E saber menina,
Que pode ser esta noite;
Esta, que tu sucumbirás em braços alheios ao teu conhecimento,
A teu conhecimento interno.

Tua pele será a minha e a minha a tua;
Confundindo-se menina,
A uma colisão de ar e ar;
Nada a se encontrar ou tudo a se encontrar.

Ah! Menina.
Se tu soubesses da minha gula,
Fugiria aos braços protetores dos seios maternos
E não deixaria os teus à mostra para meu lúgubre prazer.

Menina,
É chegada a hora em que sentirás o calor deste fogo
De paixão e gritarás com um coro mudo e sufocado.
Sentirás menina,
O que eu sinto no momento em que te olho e que tu me olhas,
Penetrando-nos até o limiar da alma
Num súbito pesquisar de emoções.

Estarás então se entregando
E eu entregando-me e entregando-te o suspiro do ser,
A sôfrega espera da escalada,
Menina.

Ah! Menina.
Pode ser hoje o momento em que sucumbirás em meus braços
E eu no teu, num suspiro eterno e mútuo,
Anunciando que já não é mais...
                                                                                  Menina...

Guilherme Dias

14/05/1986.

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