domingo, 20 de novembro de 2022

 

Caminhos...

 

O caminho que se mostra à frente é brando e tranquilo.

Uma alameda florida aponta o caminho que devemos seguir.

O aroma que emana durante a caminhada traduz a sensação que experimentamos ao ter no colo uma nova vida: um odor adocicado e suave que nos acalenta e acalma.

A beleza do local, suas cores, sua silhueta causam aos olhos uma indizível sensação de bem estar..

Olhei profundamente tudo o que meus olhos podiam alcançar e me perdi em cada detalhe daquilo que minhas retinas atingiam e tocavam.

Cada luz em suas diversas matizes tocando em meu cristalino inundando de uma beleza indizível as terminações nervosas que abriam a minha ainda parca compreensão.

A minha volta, sons, dos mais belos arranjos e modulações, tomavam a minha percepção sensorial, assistindo-me com uma reação de contentamento, que não conseguiria explicar.

Ao caminhar, tocava as arboríferas e gramíneas com minhas mãos e pés descalços, e as sensações experimentadas nunca existira em minhas memórias sensoriais. Experimentava sensações nunca dantes vividas.

Sempre pensava: quanto amor de Deus ainda por experimentar, vivescer?

Me dei conta da grandeza D’Ele e o quanto ainda teremos que caminhar em direção à sua morada para que possamos aproximar do seu significado em cada um de nós.

Conclui que é apenas um pequeno e próprio raciocínio que Deus é a vivescência que cada um possui em seu estado material, moral e essencial.

Por esta razão amigos, os convido a vivescer Deus em suas atuais essências e a continuar a buscar a grandeza D’Ele ao evoluir em direção a sua morada bendita.

Fiquem com Deus.

 

Psicografia recebida em 16-07-2017 – CE Herculano Pires

 

“O JARDIM”

 

O Sol olhava fixo com seus raios a pequena área à sua frente e abaixo de si.

Preocupado com o que via, chamou para junto de si uma Nuvem e pediu firme, mas docemente para que ela ali derramasse seu frescor e liquidez.

A Nuvem levemente ouviu, analisou e abnegada começou a descer, mas lembrou que onde deveria derramar suas lágrimas balsamizantes era árido e duro.

Daí a Nuvem chamou a Terra e suavemente como se movia, sussurrou aos ouvidos da mãe terna se ela poderia abrir-se e aceitar as doces lágrimas restauradoras que pretendia lançar ali.

A Terra, ali, árida e dura se viu em maus lençóis e com sulcos de rugas em seu perfil, chamou o Homem e disse ruidosamente, mas firme e com a importância de uma anciã, lavra-me senhor e creia que de mim terá frutos.

O Homem, incrédulo porque já fizera de tudo balançou a cabeça e olhando para o alto pediu com fé, que sua mão fizesse a melhor cova, que a terra tivesse a melhor lavra, que a chuva viesse varrer a secura e o pó daquela área árida e estéril e que a luz irradiasse nos grãos e dali viesse frutos.

E assim se fez; Homem e Natureza se uniram para fazer do jardim do Pai ser frutificado e desta forma se mantivesse nos corações daqueles que aceitassem a mão do criador sobre si.

 

Assim seja!

 

Psicografia recebida em 18 de novembro de 2022 – CE Herculano Pires.

 

terça-feira, 28 de setembro de 2021

 Por que me vejo só!?

Numa linha tênue entre ver ao longe e ver-se por dentro, vislumbro tantas e inúmeras coisas em minha trajetória que as vezes a pergunta me vem insistentemente à mente: Por que me vejo só!?

E por mais que busque a resposta não há eco que a ressoe e nem palavras que a exprimam; simplesmente ela reverbera sem barreiras em meu interior calejado e cansado....

Algumas lágrimas vem aos olhos teimosas querendo trazer aquele gosto salgado de mar às lembranças comezinhas do nosso existir e engulo seco, combato as sensações que brotam sem nenhuma explicação.

Algumas coisas não são como queremos e outras são quase nossos sonhos. Um paradoxo que só a vida escarnecida e vivida nos mostra, nos denuncia. Um espelho dentro do espelho que está dentro do espelho, projetando tantas possibilidades de uma mesma coisa.

Quanto podíamos ter evitado? Quantos choros podíamos ter desviado; quantos fracassos podíamos ter transformados; quantos deslizes podíamos ter colocado nos trilhos; quantas desditas podíamos ter delineados; quantos "foras" podíamos ter transmutados em histórias, mas daí vem o tal do livre arbítrio e por mais que tenhamos nos esforçado, tudo sai como teria que sair....

E assim, os amores passaram, as paixões minguaram, os sucessos ruíram, as conquistas findaram, a escrita apagou-se, a palavra se calou e ali sentado naquele banco de praça, próximo ao mar que insiste em embalar nossos pensamentos, devaneio tudo e todos em minha mente.

Minha mãe se foi, meu pai se foi, minha nora se foi, meus sonhos alguns, se foram. Para onde, não sei, mas as vezes, é fato, fica um vazio estranho que não gosto de ver transformado em lágrimas salgadas, mas hoje, por algum motivo aparentemente maior que não pude compreender, resolvi experimentar o gosto salgado deste vazio e falar sobre ele.

E daí veio a pergunta: Por que me vejo só!?

Não sei, vou esperar o trem passar, o ônibus passar, as horas passarem, o sol trocar de lugar com a lua, o nascer de novas pessoas em meu redor e continuar trilhando o que me prometi ainda em luz.....

Não me preocupo em responder a pergunta, mas vivê-la. Assim foi a forma que experimentei quase todas as coisas que tive até hoje, o conhecimento, a filiação, a irmandade, o coleguismo, a amizade e paternidade e a trajetória terrena como um todo.

Ao escrever, aquelas lágrimas teimosas vão se rareando e o que sobra é uma bola de "sei lá o que na garganta" que logo vai sumir também. Assim é a forma que lido com meus fantasmas interiores; convivo com eles até me acostumar com sua presença e de repente eles são partes integrantes de mim.

E a pergunta ainda sem resposta vai se tornando cada vez mais tênue para quem sabe em algum outro momento reminiscente de minha existência, venha me assombrar novamente....

Até breve!

23;28 de 28 de setembro de 2021.

domingo, 9 de abril de 2017

HORA 23 DE UM DIA NO FINAL DE VERÃO.

O principio de tudo consiste em absolutamente estar na hora certa, no lugar certo, em companhia das pessoas certas, para que se proceda ao inevitável, o óbvio: sua vida!

Assim é hoje, assim foi ontem e assim será amanhã até que homem seja homem, mulher seja mulher, local não se pereça em sua definição coloquial e o tempo, inverossímil em sua cadência infinita, não perca sua marcação em nossos destinos.

Às vezes certos devaneios transpassam nas mentes e vai se perder em algum lugar adormecido do cérebro, talvez um sótão ou porão que evitamos explorar por motivos burlescos, amedrontadores ou mesmo simplesmente, por que não parece ser necessário, mexer em arquivos mortos!

A música embala o pensamento, impulsiona a imaginação e paralelamente, empurra por necessidade os dedos para escrever sobre o sem nexo, prolixo ou desleixo. E nesta tentativa, perde-se o escritor, foge o poeta, tangencia o romancista. Sobra apenas a figurativa ideia do turvo, enevoado e titubeante pensamento sem sentido a descrever o momento.

Sombrio e denso, o imaginário tenta sair, o concreto, insiste em deixar suas mensagens, o criativo busca novas estruturas linguísticas, mas o que sobra, lá no fim é a prosódia.

Você não me ensinou a te esquecer, por isto não aprendi a me distanciar de sua figura que embala meus devaneios noturnos, embaralhados em imagens difusas, disfarçados em papéis sociais politicamente aceitos. Que merda! Até no sonho?

Sim, até no sonho. Como se não houvesse o direito de seguir em caminhos que pudessem ser realmente escolhas, não conveniências, figura de linguagem, caminho correto e coisas desta natureza.
Parece nos ser proibido a autenticidade, a naturalidade e a originalidade. Somos servos do politicamente correto, socialmente aceito e religiosamente perdoável.

Assim somos, como a bailarina perfeita, porque procurando bem, todos nós temos imperfeições. Procurando bem, temos falhas, desejos escusos, memórias nefastas, pequenos furtos, mesmo que inocentes; pecados descabidos inconfessáveis, pensamentos impuros e procurando bem, todos nós temos o germe da autenticidade, mas o perdemos!

Não, não podemos mais ficar aqui a esperar, que algo, que algum dia as coisas se alterem. Tomemos as rédeas, seguremos o volante de nossa viatura pessoal, nos apossemos do leme de esta nau em que nos transformamos e nos lancemos por ai.

Precisamos acabar logo com isto, precisamos lembrar que existimos que alteramos o rumo de nossas vidas; não podemos achar que somos pobres restos de esperanças a beira do caminho. Sigamos em frente, marchemos e que façamos com que aja alteração naquilo que propomos!

Mas não estamos para reclamar, por que declamar é melhor! Não estamos para maldizer, porque dizer sem sentido já uma penúria. Esta dor é nossa, não é de mais ninguém. Tudo esta vazio, às vezes pensamos que até nossa consciência também está.

Mas a dor é nossa, não é de mais ninguém. Nós temos a nossa dor, fique com sua; a dor é nossa, a dor é de quem tem. Então paremos de reclamar, declamemos sobre estas dores, estas alterações, estas mudanças e estes vazios imperiosos que surgem aos sábados à noite em frente às telas que hipnotizam e ampliam o mesmo vazio.

Assim nos perdemos mais uma vez em nossos devaneios. São batidas na porta da frente de nossas mentes. Bebemos um pouco para ter o que falar e escrever. O tempo zomba de nós e trafega na velocidade que ele deseja.

Recordamos os amores perdidos, diz para nós, o tempo, que somos iguais, que apaga os descaminhos, que atrasa nossas passadas para que possamos viver mais. Mas o tempo em certo momento tem inveja de nós, porque nós podemos esquecer, ele, ah, isto ele não pode.

Vem, mas demore a chegar. Talvez seja o segredo desta vida a espera pelo momento seguinte, a incerteza do porvir, todas as mazelas e alegrias, esperadas e previstas, improváveis em sua essência, mas inevitáveis. Destino ou escolhas aleatórias que atormentam a imaginação do poeta.

Só podemos saber que após as vinte e três horas e cinquenta e nove, vem às vinte quatro horas que ironicamente também é zero hora; crivando assim ou mesmo sentenciando o poder inenarrável deste atroz e implacável inimigo, o tempo!

E é assim, que se encerra o devaneio da hora vinte e três, com o soar dos últimos segundos, anunciando uma nova aventura na vida!

Quisera pudéssemos apenas apreciar o avanço dos segundos do relógio sem fardos humanos para nos conduzir, nos reduzir e nos impelir às mudanças, aos descaminhos e tudo o que é de "ser humano".

Um bom outro dia!!!



19 de março de 2017!

domingo, 9 de agosto de 2015

Cotidiana

Hoje é dia nove de agosto de 2015.

Comemora-se hoje o dia dos pais. Este dia como qualquer outro tem pouca importância para mim. Sou do tipo austero no que diz respeito a comemorações. Acredito em uma passagem com significados maiores que simplesmente seguir datas inseridas em nosso calendário para efeito de lembranças "comerciais".

Neste dia especialmente teria dois motivos para me render, estaria recebendo um pai especial junto a mim. E recebi no final do dia. Recebi um abraço caloroso e um beijo afetuoso como sempre recebi. Afinal de contas me orgulho de dizer aos amigos que ensinei ao meu filho a palavra "amo" quando ele mal pronunciava suas primeiras palavras.

Sabemos o que é compartilhar quando necessitamos fazer isto de fato e hoje compartilhei um sentimento profundo e denso que espero ainda e nutro em mim, seja apenas isto. Mas foi o bastante para mexer com fim de semana e de dia. 

Sinto-me sinto incapaz e sem ação como me senti na hora do abraço espontâneo do meu filho procurando amparo e apoio. 

Sempre desejei ser pai. Nutri isto desde tenra infância e ver meu filho sentir o pesar de uma possível perda trouxe em mim os sentimentos acima. 

Não fosse o tamanho, o teria pegado no colo como fiz várias vezes e o acalentaria e o protegeria. Parece que precisamos passar pelas coisas sempre para poder dizer sobre elas. Assim deve pensar e já pode dizer o meu pai que vai para os seus noventa e sete anos de vida e existência terrena.

Hoje vou dormir pensando o quanto somos frágeis na matéria, mesmo que saiba profundamente que aqui é uma passagem de aprendizagem e que nossa verdadeira vida não seja impregnada de dor, sofrimento e matéria.

Fico por aqui depois de muito tempo sem escrever. Grato por me permitirem dividir.

Fica ai mais um ato cotidiano.

sábado, 27 de abril de 2013

Prolegómenos

Não tenho certeza absoluta do que desejo escrever.

De fato, não tenho certeza de nada já há algum tempo. Especificamente desde que nasci, assim penso.

Não estou de fato tentando criar nada, nem tampouco inventar nada.

Faço aqui um ensaio de algo que está se transformando em minha mente.

Algo com um quê de matemática, física, química e filosofia.

Matemática, por que as coisas vão se somando dia a dia em minhas memórias formando uma imensa figura eneaedra quase indecifrável logicamente.

Fisicamente, porque se vai tomando a forma que permeia minhas batalhas e outras fábulas interiores.

Quimicamente, pela intrincada mistura e soluções que se formam em meu cérebro hormonal e quimiocênscio e finalmente filosófico, por estar ligado a uma essência de coisas e situações que se transformam dioturnamente em meu habitáculo mental.

Assim é, apenas prolegômenos de algo ainda não escrito, não dito, não sentido, não emocionado, não expresso, não pensado.

A origem de tudo e de nada ao mesmo tempo. Um átimo daquilo que farei, direi, sentirei, escreverei, emocionarei, expressarei, pensarei, mas ainda não fiz.

Apenas prolegômenos.

27/04/2013

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O peso da memória

Quando se tem um ano apenas, o que se guarda dentro de si talvez preencha um saco de pipoca, ou melhor, uma mamadeira. Isto considerando a idéia de que possa se medir memórias como se fosse ar enlatado.

Quando se tem cinco anos, podemos considerar o volume de uma bola de futebol, aquela que insistimos em utilizar pensando sermos um futuro craque da pelota, mas que no fundo algumas vezes serve apenas para nos aproximar socialmente e sermos um pouco mais aceitos.

Quando se tem dez anos, o volume de uma garrafa de coca-cola de dois litros serviria para guardar nossas memórias, uma vez que ela já começa a ser regada a feromônio e precisa de mais imaginação e empenho para manter aquelas imagens que achamos que nunca mais vamos esquecer.

Quando se tem quinze anos, já é necessário uma embalagem plástica com doze latinhas de cerveja de trezentos e cinquenta mililitros, uma vez que além dos feromônios, também já temos algumas mentiras sobre aquela vez em que pegamos aquela gata ou gato daquela forma naquele lugar e ai vai.

Aos vinte anos; ai sim, haja espaço. Mentiras sobre nossas pegações são inúmeras. Idéias e planos para o futuro, vários. Conversa jogada fora, diversas. Cenas quase inesquecíveis, mas que o tal do "Al" vai nos tirar um dia, um monte delas (somente para nós). Daí precisaremos de um engradado de cerveja, pois necessitamos de mais espaço fisico para guardar o já pesado fardo da memória juvenil.

Aos trinta anos, já temos mais que memória, temos fatos memoráveis: casamento e todos os quase desastres contidos desde o noivado até o fim da festa, incluindo a lua de mel. A chegada de cada um dos filhos. Seus primeiros passos, primeiros vômitos na sala que tivemos que limpar e por ai vai. Ai já pegamos emprestado o baú de brinquedo dos filhos que já avançam para a primeira base.

Aos quarenta, nos utilizamos do saco do Papai Noel. Sim, é necessário muito espaço e um pouco de mágica para suportar tanto desasossego, tanta noite mal dormida, tanto coito interrompido por choro e pedido de socorro no meio da madrugada, tantos pedidos não atendidos, tanto remédio comprado entre as duas e cinco da manhã (não sei porque ainda mas é sempre neste intervalo que as maiorias das mazelas corporais se apresentam), tanta história e estórias pelo meio do caminho, tanto sentimento, tanta emoção, tanta expressão, tanta saudade.

Mas ao chegar aos cinquenta, na realidade precisamos de muito pouco espaço.  Sim, muito pouco espaço e não é pelo fato de estarmos perdendo memória, não ainda; sim pelo fato de que nos deparamos com a constatação de que não tem mais nada a fazer do que se contentar com o tamanho dos nossos testículos inchados e enfadados com tanta coisa vivida; daí pude aos cinquenta anos entender finalmente o verdadeiro sentido da  expressão: TO DE SACO CHEIO.