O principio de tudo consiste em
absolutamente estar na hora certa, no lugar certo, em companhia das pessoas
certas, para que se proceda ao inevitável, o óbvio: sua vida!
Assim é hoje, assim foi ontem e
assim será amanhã até que homem seja homem, mulher seja mulher, local não se
pereça em sua definição coloquial e o tempo, inverossímil em sua cadência
infinita, não perca sua marcação em nossos destinos.
Às vezes certos devaneios
transpassam nas mentes e vai se perder em algum lugar adormecido do cérebro,
talvez um sótão ou porão que evitamos explorar por motivos burlescos,
amedrontadores ou mesmo simplesmente, por que não parece ser necessário, mexer
em arquivos mortos!
A música embala o pensamento,
impulsiona a imaginação e paralelamente, empurra por necessidade os dedos para
escrever sobre o sem nexo, prolixo ou desleixo. E nesta tentativa, perde-se o
escritor, foge o poeta, tangencia o romancista. Sobra apenas a figurativa ideia
do turvo, enevoado e titubeante pensamento sem sentido a descrever o momento.
Sombrio e denso, o imaginário
tenta sair, o concreto, insiste em deixar suas mensagens, o criativo busca
novas estruturas linguísticas, mas o que sobra, lá no fim é a prosódia.
Você não me ensinou a te
esquecer, por isto não aprendi a me distanciar de sua figura que embala meus
devaneios noturnos, embaralhados em imagens difusas, disfarçados em papéis
sociais politicamente aceitos. Que merda! Até no sonho?
Sim, até no sonho. Como se não
houvesse o direito de seguir em caminhos que pudessem ser realmente escolhas,
não conveniências, figura de linguagem, caminho correto e coisas desta
natureza.
Parece nos ser proibido a autenticidade,
a naturalidade e a originalidade. Somos servos do politicamente correto,
socialmente aceito e religiosamente perdoável.
Assim somos, como a bailarina
perfeita, porque procurando bem, todos nós temos imperfeições. Procurando bem,
temos falhas, desejos escusos, memórias nefastas, pequenos furtos, mesmo que
inocentes; pecados descabidos inconfessáveis, pensamentos impuros e procurando
bem, todos nós temos o germe da autenticidade, mas o perdemos!
Não, não podemos mais ficar aqui
a esperar, que algo, que algum dia as coisas se alterem. Tomemos as rédeas,
seguremos o volante de nossa viatura pessoal, nos apossemos do leme de esta nau
em que nos transformamos e nos lancemos por ai.
Precisamos acabar logo com isto, precisamos
lembrar que existimos que alteramos o rumo de nossas vidas; não podemos achar
que somos pobres restos de esperanças a beira do caminho. Sigamos em frente,
marchemos e que façamos com que aja alteração naquilo que propomos!
Mas não estamos para reclamar,
por que declamar é melhor! Não estamos para maldizer, porque dizer sem sentido
já uma penúria. Esta dor é nossa, não é de mais ninguém. Tudo esta vazio, às
vezes pensamos que até nossa consciência também está.
Mas a dor é nossa, não é de mais
ninguém. Nós temos a nossa dor, fique com sua; a dor é nossa, a dor é de quem
tem. Então paremos de reclamar, declamemos sobre estas dores, estas alterações,
estas mudanças e estes vazios imperiosos que surgem aos sábados à noite em
frente às telas que hipnotizam e ampliam o mesmo vazio.
Assim nos perdemos mais uma vez
em nossos devaneios. São batidas na porta da frente de nossas mentes. Bebemos
um pouco para ter o que falar e escrever. O tempo zomba de nós e trafega na
velocidade que ele deseja.
Recordamos os amores perdidos,
diz para nós, o tempo, que somos iguais, que apaga os descaminhos, que atrasa
nossas passadas para que possamos viver mais. Mas o tempo em certo momento tem
inveja de nós, porque nós podemos esquecer, ele, ah, isto ele não pode.
Vem, mas demore a chegar. Talvez
seja o segredo desta vida a espera pelo momento seguinte, a incerteza do
porvir, todas as mazelas e alegrias, esperadas e previstas, improváveis em sua
essência, mas inevitáveis. Destino ou escolhas aleatórias que atormentam a
imaginação do poeta.
Só podemos saber que após as
vinte e três horas e cinquenta e nove, vem às vinte quatro horas que
ironicamente também é zero hora; crivando assim ou mesmo sentenciando o poder
inenarrável deste atroz e implacável inimigo, o tempo!
E é assim, que se encerra o
devaneio da hora vinte e três, com o soar dos últimos segundos, anunciando uma
nova aventura na vida!
Quisera pudéssemos apenas
apreciar o avanço dos segundos do relógio sem fardos humanos para nos conduzir,
nos reduzir e nos impelir às mudanças, aos descaminhos e tudo o que é de "ser
humano".
Um bom outro dia!!!
19 de março de 2017!