domingo, 9 de abril de 2017

HORA 23 DE UM DIA NO FINAL DE VERÃO.

O principio de tudo consiste em absolutamente estar na hora certa, no lugar certo, em companhia das pessoas certas, para que se proceda ao inevitável, o óbvio: sua vida!

Assim é hoje, assim foi ontem e assim será amanhã até que homem seja homem, mulher seja mulher, local não se pereça em sua definição coloquial e o tempo, inverossímil em sua cadência infinita, não perca sua marcação em nossos destinos.

Às vezes certos devaneios transpassam nas mentes e vai se perder em algum lugar adormecido do cérebro, talvez um sótão ou porão que evitamos explorar por motivos burlescos, amedrontadores ou mesmo simplesmente, por que não parece ser necessário, mexer em arquivos mortos!

A música embala o pensamento, impulsiona a imaginação e paralelamente, empurra por necessidade os dedos para escrever sobre o sem nexo, prolixo ou desleixo. E nesta tentativa, perde-se o escritor, foge o poeta, tangencia o romancista. Sobra apenas a figurativa ideia do turvo, enevoado e titubeante pensamento sem sentido a descrever o momento.

Sombrio e denso, o imaginário tenta sair, o concreto, insiste em deixar suas mensagens, o criativo busca novas estruturas linguísticas, mas o que sobra, lá no fim é a prosódia.

Você não me ensinou a te esquecer, por isto não aprendi a me distanciar de sua figura que embala meus devaneios noturnos, embaralhados em imagens difusas, disfarçados em papéis sociais politicamente aceitos. Que merda! Até no sonho?

Sim, até no sonho. Como se não houvesse o direito de seguir em caminhos que pudessem ser realmente escolhas, não conveniências, figura de linguagem, caminho correto e coisas desta natureza.
Parece nos ser proibido a autenticidade, a naturalidade e a originalidade. Somos servos do politicamente correto, socialmente aceito e religiosamente perdoável.

Assim somos, como a bailarina perfeita, porque procurando bem, todos nós temos imperfeições. Procurando bem, temos falhas, desejos escusos, memórias nefastas, pequenos furtos, mesmo que inocentes; pecados descabidos inconfessáveis, pensamentos impuros e procurando bem, todos nós temos o germe da autenticidade, mas o perdemos!

Não, não podemos mais ficar aqui a esperar, que algo, que algum dia as coisas se alterem. Tomemos as rédeas, seguremos o volante de nossa viatura pessoal, nos apossemos do leme de esta nau em que nos transformamos e nos lancemos por ai.

Precisamos acabar logo com isto, precisamos lembrar que existimos que alteramos o rumo de nossas vidas; não podemos achar que somos pobres restos de esperanças a beira do caminho. Sigamos em frente, marchemos e que façamos com que aja alteração naquilo que propomos!

Mas não estamos para reclamar, por que declamar é melhor! Não estamos para maldizer, porque dizer sem sentido já uma penúria. Esta dor é nossa, não é de mais ninguém. Tudo esta vazio, às vezes pensamos que até nossa consciência também está.

Mas a dor é nossa, não é de mais ninguém. Nós temos a nossa dor, fique com sua; a dor é nossa, a dor é de quem tem. Então paremos de reclamar, declamemos sobre estas dores, estas alterações, estas mudanças e estes vazios imperiosos que surgem aos sábados à noite em frente às telas que hipnotizam e ampliam o mesmo vazio.

Assim nos perdemos mais uma vez em nossos devaneios. São batidas na porta da frente de nossas mentes. Bebemos um pouco para ter o que falar e escrever. O tempo zomba de nós e trafega na velocidade que ele deseja.

Recordamos os amores perdidos, diz para nós, o tempo, que somos iguais, que apaga os descaminhos, que atrasa nossas passadas para que possamos viver mais. Mas o tempo em certo momento tem inveja de nós, porque nós podemos esquecer, ele, ah, isto ele não pode.

Vem, mas demore a chegar. Talvez seja o segredo desta vida a espera pelo momento seguinte, a incerteza do porvir, todas as mazelas e alegrias, esperadas e previstas, improváveis em sua essência, mas inevitáveis. Destino ou escolhas aleatórias que atormentam a imaginação do poeta.

Só podemos saber que após as vinte e três horas e cinquenta e nove, vem às vinte quatro horas que ironicamente também é zero hora; crivando assim ou mesmo sentenciando o poder inenarrável deste atroz e implacável inimigo, o tempo!

E é assim, que se encerra o devaneio da hora vinte e três, com o soar dos últimos segundos, anunciando uma nova aventura na vida!

Quisera pudéssemos apenas apreciar o avanço dos segundos do relógio sem fardos humanos para nos conduzir, nos reduzir e nos impelir às mudanças, aos descaminhos e tudo o que é de "ser humano".

Um bom outro dia!!!



19 de março de 2017!

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